Programa Pós-Graduação da EPSJV realiza 6º edição de seminário de autoavaliação

Julia Neves - EPSJV/Fiocruz

A Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio (EPSJV/Fiocruz) promoveu, de 14 a 16 de fevereiro, o 6º Seminário de Autoavaliação e Planejamento da Pós-graduação. Com o tema “A pós-graduação na EPSJV: trabalho de orientação e processo pedagógico”, o evento buscou debater coletivamente o trabalho realizado ao longo de 2022, conforme as metas e indicadores construídos em anos anteriores; além de reconhecer as dimensões do processo pedagógico desenvolvido no âmbito do mestrado, particularmente do trabalho de orientação,  apontando estratégias coletivas de fortalecimento desse trabalho, bem como definir e priorizar as ações necessárias para alcançar as metas propostas. O encontro reuniu a equipe da pós-graduação, alguns discentes e a Direção da Escola. Atualmente, o programa conta com duas turmas do Mestrado Profissional em Educação Profissional em Saúde em andamento.

A coordenadora da Pós-graduação da EPSJV, Marcela Pronko, iniciou o seminário com um balanço das atividades em 2022. Em relação a metas e objetivos para o quadriênio (2021-2024), a coordenadora ressaltou que foi cumprida a meta de dar maior organicidade à pesquisa no programa e fortalecer a integração entre as linhas de pesquisa, as disciplinas, os projetos de pesquisa, as dissertações e a produção docente e discente, com a criação da Comissão ad hoc Linhas de Pesquisa que, em seguida, foi transformada em Comissão ad hoc Análise das Dissertações, além da participação da Pós-graduação no Seminário de Pesquisa da Escola.

“Com o objetivo de fortalecer as instâncias coletivas de trabalho no âmbito do programa, tais como Centro de Estudos e Seminário Discente, o trabalho colegiado vem sendo fortalecido pelo funcionamento de todas essas instâncias e a realização anual dos Seminários de Autoavaliação e Planejamento”, destacou.

Marcela apontou que o processo de autoavaliação oferece elementos para dar cumprimento à meta de revisitar o campo da Educação Profissional em Saúde como forma de repensar o caráter estratégico do programa à luz das novas determinações da realidade. Além disso, continuou Marcela, “o aumento do conceito CAPES [Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior] de 3 para 4, bem como a possibilidade de criação de uma Turma Especial em Rondônia podem ser indicadores importantes a serem considerados”.

A coordenadora falou ainda sobre as ações definidas em seminários anteriores que já estão sendo realizadas. “A prática de elaboração de um plano de trabalho anual para os docentes, indicando disciplinas; orientações; produção técnica e bibliográfica, pesquisa e participação em comissões, com aprovação do colegiado do grupo de trabalho em que atua o docente, firmou-se como instrumento importante para o planejamento do programa. Porém, precisa ser aperfeiçoado na sua organicidade”, pontuou. 

Já a oferta de disciplinas eletivas de verão e de inverno, de acordo com Marcela, se consolidou como estratégia exitosa do Programa, constituindo opção privilegiada tanto por estudantes internos e externos quanto pelos docentes. “A variedade de formatos (presencial, remoto e híbrido) favorecem a experimentação no espaço de docência”, disse. Além dessas, a oferta regular de disciplinas ou atividades voltadas para a preparação de produção textual também tem sido muito bem avaliada pelos discentes como forma de estimular e apoiar a produção de discentes e superar a dificuldade de alguns mestrandos com a escrita acadêmica.

Sobre o Centro de Estudos, disponível no canal da EPSJV no Youtube, Marcela apontou que continua sendo importante espaço de integração e intercâmbio entre discentes, docentes, egressos e outros participantes. “Porém, a retomada das atividades docentes presenciais colocou em xeque o alcance da proposta e coloca diante de nós a necessidade de reavaliar o formato e a estratégia de composição do grupo responsável, pois a representação discente não foi efetivada, por exemplo”, 

Em relação aos desafios para 2023, Marcela citou a incorporação de novos formatos não presenciais para as atividades regulares (atividades híbridas e remotas), a consolidação e aprofundamento das atividades de autoavaliação do programa e a transformação da pesquisa de acompanhamento de egressos em processo permanente do programa. “Acrescento ainda a necessidade de aprofundamento da relação entre a pesquisa na escola e a produção dos mestrandos, a consolidação da gestão colegiada e da organicidade da inserção institucional”, afirmou a coordenadora.

Dimensões do trabalho de orientação 

Após a abertura do seminário, foi realizada uma mesa redonda com a participação da discente e representante da turma 2021, Ingridh Lima, e os professores-pesquisadores Marco Antônio Santos, Grasiele Nespoli e Ana Reis, que também é representante da Comissão de Egressos. O objetivo da mesa foi refletir sobre as diferentes dimensões do trabalho de orientação, avaliando sua importância, assim como os entraves, os desafios e os aprendizados que possam ser aproveitados pelo Programa.

Marco Antônio falou sobre a importância da autonomia e da adaptação discente no processo da orientação. “A autonomia não é dada, é construída. A experiência da maioria das pessoas no mestrado não tem sido nessa direção. Na verdade, se aproxima do que Paulo Freire chamava de Educação Bancária, no qual o docente detém o saber”, apontou.

Para Grasiele, o trabalho acadêmico tem várias dimensões: técnica, teórica, política e ética. “Nesse contexto, a orientação é a arte do bom encontro, porque coloca duas pessoas em diálogo em prol de algo comum, mediado por um projeto”, afirmou.

Enquanto discente, Ingridh ressaltou a importância da empatia por parte dos docentes em todos os momentos da orientação. “Escrever não é uma tarefa fácil, que passa só pelo que está se lendo. Escrever, inclusive, passa pelos nossos problemas pessoais, de família, econômicos... tudo isso reflete em nossa escrita. A orientação precisa envolver afeto”, comentou.

Por fim, Ana apresentou uma parte do relatório de Acompanhamento de Egressos 2017-2021, no qual 57 egressos responderam à pesquisa sobre disponibilidade de tempo do pesquisador, afinidade da área de pesquisa do tema do orientador e do tema da dissertação e a existência de espaços físicos para orientação.

Relatórios das comissões

Na parte da tarde do primeiro dia do seminário, Ana Reis continuou apresentando o relatório de Acompanhamento de Egressos 2017-2021. “Foram 78 questões, divididas em nove blocos, que trataram de diversos temas, como questões socioeconômicas, formação, avaliação da experiência no curso, condições de dedicação ao curso, dentre outros”, comentou.

A ideia agora, segundo Ana, é realizar a análise dos resultados com maior profundidade, trazendo reflexões propositivas, avaliar a necessidade de ajustes no instrumento de coleta de dados e implementar estratégias para ampliar a participação dos egressos na pesquisa.

Nesse mesmo dia, foram apreciados ainda outros dois relatórios. Sobre a Comissão Ad hoc de análise das dissertações, Grasiele falou sobre o trabalho que tem sido realizado a partir das 247 dissertações, de 2010 a 2022. “Nosso objetivo é identificar os principais temas; caracterizar tendências dos estudos em relação às linhas de pesquisa, aos recortes e abordagens teóricas das temáticas desenvolvidas; além de apontar lacunas e limites da produção do conhecimento, considerando marcos teóricos e conjunturas da interface trabalho, educação e saúde”, explicou.

Dessa forma, Grasiele contou que o primeiro passo foi o levantamento quantitativo das produções por ano e a organização dos dados para pesquisa; o segundo passo foi a importação de dados para o software MaxQDA; e o terceiro foi a categorização dos objetos/temas, abordagem teórica e linhas de pesquisas. “Temos alguns dados preliminares, mas precisamos entender e nos debruçarmos sobre como o programa se comporta com o tempo”, adiantou.

Na apresentação do relatório da Comissão de Bolsas, o professor-pesquisador Sergio Oliveira falou sobre a situação do auxílio na EPSJV e sobre como a pandemia de Covid-19 agravou ainda mais o contexto.

No segundo dia de encontro, foram apresentados o relatório da Comissão de Autoavaliação, pela professora-pesquisadora Márcia Teixeira, e o relatório da Equipe de Coordenação do Centro de Estudos, pela professora-pesquisadora Carla Macedo.

Para Márcia, ter uma comissão que reflita, insista, construa e refaça instrumentos de autoavaliação é representativo desse programa. “Porque precisamos materializar isso que percebemos desde o início: ser um lugar que modifique as vidas dos nossos alunos e que contribua para a vida e a formação desse trabalhador”, complementou.

Sobre o Centro de Estudos, Carla apontou que a programação buscou contemplar discussões em torno da articulação entre a cultura e as questões societárias brasileiras. “Assim como as problemáticas que impactam diretamente a educação profissional em saúde, como as migrações e o orçamento público”, concluiu.

Novos desafios

No último dia do seminário, a Coordenação da Pós-graduação apresentou as metas e desafios para 2023.

Em relação aos processos da Comissão de Autoavaliação, uma das propostas aprovadas foi articular os diversos instrumentos de maneira a avaliar o processo pedagógico desde a seleção até a defesa de dissertação. “Para isso, foi proposta uma oficina de construção desse percurso avaliativo. . A aplicação de todos os instrumentos, desde que aprovado o processo no Colegiado, se tornam de aplicação obrigatória e passam a fazer parte das responsabilidades docentes”, afirmou Marcela, acrescentando a importância de incentivar a participação discente, através da definição de representantes.

Sobre o Centro de Estudos, foi definida uma nova coordenação, além de destacada a necessidade de retomar o planejamento das sessões, experimentando diversidade de formatos e compreendendo como lugar da transversalidade e do debate teórico-metodológico desenvolvido de maneira articulada com as disciplinas.

Ficou apontada também a necessidade de avançar com a articulação do trabalho das comissões;  o desenvolvimento de oficinas de escrita científica para favorecer publicações; a reformulação do regulamento de bolsas para permitir um acompanhamento mais próximo do desenvolvimento do trabalho discente dos bolsistas, incluindo a participação de discentes em diversos espaços da Pós-graduação. “Além disso, ficou pactuado que os docentes credenciados deverão oferecer um mínimo de duas vagas para orinetação; bem como a realização de uma atividade de acolhimento discente no início do período letivo com ampla participação docente”, completou Marcela.

Novo site

No encerramento do seminário, foi lançado o novo site do Programa de Pós-graduação em Educação Profissional em Saúde da EPSJV. A nova página tem uma interface mais dinâmica e conta com uma nova organização das dissertações, que podem ser pesquisadas por título, autor ou ano.

Há também uma aba de notícias e uma galeria com fotos dos docentes credenciados, que direciona o usuário para o minicurrículo dos professores, linhas de pesquisa e projetos que eles participam.

O novo site também tem uma playlist com as sessões do Centro de Estudos e uma agenda com as atividades do programa.