Transtorno de déficit de atenção/hiperatividade: um olhar sobre políticas e materiais educativos

A presente pesquisa parte da inquietação de minha experiência familiar como mãe de dois filhos com Transtorno de Déficit de Atenção / Hiperatividade (TDAH), com o propósito de compreender tal transtorno, e contribuir com os familiares de pessoas acometidas, com a mesma disfunção cerebral. Delineamos como objetivo geral compreender tal transtorno, investigando as políticas públicas educacionais e os materiais educativos destinados ao seu esclarecimento, buscando demonstrar a imprescindibilidade do acompanhamento familiar, da orientação pedagógica, do tratamento multidisciplinar e da identificação precoce, como estratégias fundamentais para que essas pessoas possam ter garantidas a permanência e a aprendizagem na educação básica. Desenvolvemos uma pesquisa bibliográfica, com caráter qualitativo, embasando-nos em Lima e Mioto (2007), em Minayo (1994), compreendendo que os objetos nas ciências humanas são ideológicos e históricos, apartando-se, portanto, de qualquer viés de neutralidade. O primeiro capítulo teve por objetivo conceituar o TDAH, delineando um viés histórico – o que demonstra as modificações em suas definições. No segundo capítulo, analisamos a constituição de políticas públicas educacionais sobre o TDAH, e verificamos a necessidade de se instaurar ações e programas intersetoriais no âmbito da Educação e da Saúde. Também vimos a importância de que as escolas e as famílias possam detectar os sinais precoces do que pode vir a ser o TDAH na vida de uma pessoa. O terceiro capítulo teve por objetivo investigar materiais educativos – mais precisamente cartilhas – que orientam as famílias e os profissionais da educação em relação ao transtorno. Consideramos que tais materiais são instrumentos de comunicação, cumprindo uma importante função de difusão e divulgação de conhecimentos científicos, assim como podem contribuir na orientação de práticas pedagógicas inclusivas junto às pessoas com TDAH, evitando visões estereotipadas sobre esses indivíduos. Nossas análises possibilitaram observar a morosidade na efetivação das legislações que garantam o direito das pessoas acometidas pelo TDAH, sobretudo das ações intersetoriais entre a Educação e Saúde, que viabilizam um melhor desenvolvimento do processo de ensino-aprendizagem. Também apuramos a baixa produção de materiais educativos sobre nosso objeto de estudo, e uma constatação do atravessamento do interesse da produção desses materiais pela indústria farmacêutica, com indicações de uso de medicação aos acometidos com TDAH, compreendendo uma forte interrelação entre as instituições públicas e privadas.