Programa de Pós-Graduação da EPSJV realiza 7º edição de seminário de autoavaliação

Julia Neves - Portal EPSJV

A Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio (EPSJV/Fiocruz) promoveu, nos dias 19 e 20 de fevereiro, o 7º Seminário de Autoavaliação e Planejamento da Pós-graduação. Com o tema “A área interdisciplinar e a avaliação da Capes para os programas profissionais”, o evento buscou debater coletivamente o trabalho realizado ao longo de 2023, bem como definir ações futuras. O encontro reuniu a equipe e os docentes credenciados da pós-graduação, representação discente e a Direção da Escola. Atualmente, o Programa tem três turmas do Mestrado Profissional em Educação Profissional em Saúde em andamento, sendo duas da oferta regular e uma turma especial de Cacoal (RO).

“É importante saudar os sete anos consecutivos de seminário e pararmos, mesmo com nossas agendas corridas, para nos olharmos e avaliarmos o que temos produzido até hoje e onde queremos chegar juntos”, destacou a vice-diretora de Pesquisa e Desenvolvimento Tecnológico da Escola Politécnica, Monica Vieira, durante a mesa de abertura.

Segundo a coordenadora do Programa de Pós-graduação da EPSJV, Ialê Falleiros, no seminário, os participantes têm a dupla tarefa de realizar a autoavaliação do Programa e um planejamento estratégico. Para substanciar a discussão, num primeiro momento, Ialê apresentou uma síntese do Documento de Área Interdisciplinar (2019) e do Documento Orientador de Apresentação de Proposta de Curso Novo (2023), ambos da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes).

De acordo com esse último documento, "A interdisciplinaridade se baseia na integração de duas ou mais áreas de conhecimento, trabalhando nas interfaces das áreas, portanto, as propostas devem apresentar de forma clara como isso irá ocorrer por meio da descrição de seus objetivos, área de concentração, linhas de pesquisa/atuação, estrutura curricular, projetos de pesquisa integradores e perfil do egresso”. Sendo assim, na Capes, o Programa da EPSJV é um dos 377 da área interdisciplinar, inscrito na “Câmara 2: Sociais e Humanidades”, e pertencente a um subgrupo de 103 programas com perfil profissional. “A identidade interdisciplinar, profissional e ligada às ciências sociais e humanas do Programa foi reafirmada no Seminário e sublinhada em todas as ações e produções, desde a composição dos docentes integrantes das disciplinas, perpassando as linhas de pesquisa, dissertações e demais produções. A construção do conhecimento para o fortalecimento do campo interdisciplinar traduz a ideia-força que orienta o Programa, alinhando-a à missão da EPSJV por meio da formação de profissionais em nível de pós-graduação”, afirmou Ialê.

Para o coordenador-adjunto do Programa, Carlos Batistella, os seminários têm sido constituídos como um momento fundamental para avaliar o percurso, repactuar compromissos e projetar novas ações. “Fizemos um investimento em pensarmos em formas de promover a interdisciplinaridade no Programa, em todas as suas dimensões, seja na composição docente, na oferta de disciplinas, no próprio desenvolvimento de produtos técnicos e acadêmicos. Estamos mais atentos a esse caráter interdisciplinar”, ressaltou. 

Durante o seminário também foi sinalizada a necessidade de mobilizar esforços tanto da coordenação quanto do corpo docente para aumentar a produção articulada entre docentes e discentes. “De modo que possamos ver o nosso Programa aumentando a sua nota na Capes, aumentando o seu impacto social, que é, sobretudo, o que esperamos de um Programa de Pós-graduação”, disse Batistella. Nesse contexto, a professora-pesquisadora Letícia Batista sugeriu a produção de um e-book a partir das dissertações dos discentes, que será produzido durante 2024.

A recomposição das equipes das comissões, revisão das linhas de pesquisa, ajustes nas disciplinas e possibilidade de aplicação para o doutorado profissional no próximo quadriênio foram alguns dos desdobramentos do evento. “Sobre a possibilidade de um doutorado, iremos construir um grupo de trabalho para amadurecer a ideia", comentou Ialê.

Relatórios das comissões

Representando a Comissão do Processo Seletivo, a professora-pesquisadora Grasiele Nespoli fez um panorama sobre os últimos processos seletivos, recuperando alguns aspectos das seleções de Cacoal (RO) e da turma regular. Segundo ela, a avaliação da prova considerou a qualidade da redação e a consistência das respostas. Na etapa da entrevista, foram analisados os currículos e a adequação dos projetos às linhas de pesquisa do Programa. “Também foi considerada a dimensão da interdisciplinaridade no processo seletivo, buscando acolher candidatos com diferentes formações e perfis profissionais”, comentou.

Em seguida, Grasiele e a também professora-pesquisadora, Márcia Lopes, apresentaram uma análise das dissertações produzidas pelo Programa até 2023. Foram lidos e analisados os 266 resumos das dissertações defendidas até o final do ano passado e inicialmente elas foram classificadas em sete macro categorias – Trabalho; Educação; Saúde; Trabalho/Educação; Trabalho/Saúde; Educação/Saúde; e Trabalho/Educação/Saúde.

As dissertações foram relacionadas aos temas mais específicos e agrupadas em subcategorias que pudessem reunir alguns desses temas. “Cerca de 27% foram categorizadas na interface das três áreas Trabalho/Educação/Saúde, sendo a categoria com mais estudos”, apontou Márcia, que também pontuou que nos primeiros anos do Programa houve uma importante concentração dos trabalhos na área da Educação sem maior interface com a Saúde ou com o Trabalho. “Mas, rapidamente, esse perfil foi se modificando. Entre os anos 2015 e 2020, tivemos uma grande concentração das dissertações na categoria Educação/Saúde, possivelmente em função das defesas das turmas das Escolas Técnicas do SUS. E no último triênio - 2021 a 2023 -, há uma importante concentração das dissertações na categoria Trabalho/Saúde. Possivelmente, isso é um efeito da maior precarização do trabalho e do grande sofrimento produzido pela pandemia no campo do trabalho em saúde, colocando as questões relacionadas a esses temas em evidência", observou.

Em relação à adequação às linhas de pesquisa do Programa, Grasiele afirmou que percebeu que a maior parte dos trabalhos se adequam a elas - “Políticas Públicas, Planejamento e Gestão da Saúde e da Educação” e “Concepções e Práticas na Formação de Trabalhadores de Saúde”. "Apenas 4% não puderam ser enquadradas em nossas duas linhas. Parte dos trabalhos incluídos na linha de Políticas só pôde ser enquadrada nela por ser uma linha muito abrangente. Consideramos que a linha de pesquisa da escola “Processos e Relações Sociais do Trabalho, da Educação e da Saúde” poderia expressar melhor parte dos estudos que foram ancorados na primeira”, ponderou.

Depois foi a vez de a professora-pesquisadora Ana Reis apresentar o relatório de Acompanhamento de Egressos 2017-2021. O levantamento envolveu todos os 119 egressos do Programa de mestrado profissional que concluíram o curso entre 2017 e 2021. Desses, 59 (49%) responderam ao questionário on-line.

A professora-pesquisadora destacou alguns pontos. Em relação ao perfil discente, cerca de 80% são do gênero feminino; 56% se declaram brancos e 44% negros; além disso, a formação da graduação que mais prevalece entre os estudantes é Enfermagem, com 25%, e Psicologia, com 15%.

Sobre a coerência entre as disciplinas obrigatórias e seu tema da dissertação, 61% dos egressos se declararam satisfeitos, 37% parcialmente satisfeitos e 2% insatisfeitos. Em relação à coerência entre as disciplinas eletivas e seu tema da dissertação, 66% se declararam satisfeitos, 27% parcialmente satisfeitos e 27% insatisfeitos. Além disso, para 90% dos egressos, a dissertação tem muita relevância para a área da educação profissional em saúde. "Precisamos agora realizar a análise dos resultados com maior profundidade, trazendo reflexões propositivas; avaliar a necessidade de ajustes no instrumento de coleta de dados; recompor a comissão e definir uma periodicidade de envio do formulário”, concluiu Ana.

Em sua avaliação, Ialê apontou que a comissão de egressos e a comissão had-hoc de análise das dissertações defendidas no Programa apresentaram resultados importantes para a autoavaliação e o planejamento das ações de curto, médio e longo prazos do Programa e reorientaram o trabalho das comissões de seleção, de credenciamento/recredenciamento e a comissão Sucupira, voltada ao preenchimento do relatório quadrienal para avaliação do Programa pela Capes. “Está prevista para o início de 2025 a avaliação do quadriênio 2021-2024", finalizou.