Percepções de usuários lgbti+, que integram movimentos sociais, sobre o cuidado em saúde na atenção básica no município do rio de janeiro

A equidade no cuidado nos serviços de saúde, representa um desafio constante no atendimento à população LGBTI+ na Atenção Básica, especialmente na Clínica da Família, que é o foco desta pesquisa. Entende-se que muitas conquistas para a mudança desse cenário devem-se à atuação ampla e ao protagonismo dos movimentos sociais LGBTI+ na construção das políticas públicas de saúde, como a Política Nacional de Saúde Integral de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais. Considerando isso, este estudo objetivou analisar a percepção de usuários LGBTI+, que integram movimentos sociais, sobre o cuidado em saúde na Atenção Básica no Município do Rio de Janeiro. A técnica utilizada para a análise foi o Discurso do Sujeito Coletivo, baseado na Teoria das Representações Sociais. A coleta de dados foi realizada por meio de entrevistas que seguiram um roteiro semiestruturado. No total, foram entrevistadas trinta pessoas nos meses de março e abril de 2023. Identificaram-se entraves e barreiras desde a portaria até o atendimento médico, que impactam o cuidado com equidade para esta população. O desrespeito à identidade de gênero e à orientação sexual, a negação ao direito de uso do nome social, as perguntas invasivas, o desconhecimento de profissionais sobre atendimentos e especificidades da população LGBTI+, especialmente de lésbicas, pessoas transgêneros e intersexo e, a falta de acolhimento e de sensibilidade, foram as principais barreiras identificadas para o cuidado com equidade. Na percepção das pessoas entrevistadas para melhorar o atendimento e o cuidado em saúde é necessário implementar programas de capacitação para todos/as os/as profissionais desde a recepção até o/a médico/a, promover um ambiente de saúde respeitoso e acolhedor, aperfeiçoar e estimular o uso da ouvidoria e manter um canal de comunicação aberto e constante, que possibilite a colaboração com ativistas e a comunidade LGBTI+, aproveitando a estrutura e os recursos de instituições importantes, como a Coordenadoria da Diversidade Sexual da Prefeitura do Rio (CEDS-Rio) e o Programa Rio sem LGBTfobia. (AU)

Data: 
2023
Autor: 
Danielle Cristine Alves Rodrigues Pereira