O movimento da tecnologia social no Brasil contemporâneo

As tecnologias não são neutras, são construídas socialmente num determinado momento histórico e surgem e se desenvolvem em enredadas relações sociais. Como qualquer construção social, são perpassadas por interesses sociais diferentes, divergentes e, mesmo, antagônicos. Nesse sentido, todas as tecnologias são sociais. É o caso, então, de se perguntar: de que se trata, exatamente, quando se fala em “tecnologia social”? quais são as implicações políticas de um movimento denominado “Movimento da Tecnologia Social”? Neste trabalho, tendo como método de investigação o materialismo histórico-dialético, analisamos as principais expressões da Tecnologia Social no Brasil com o objetivo de discernir os elementos teóricos e ético-políticos que poderiam contribuir ou dificultar as práticas de resistência e luta da classe trabalhadora. Para tanto, mapeamos e discutimos a construção do conceito de tecnologia social, o debate político que se trava nesse campo, a atuação do aparato estatal e sua imbricação com as organizações da sociedade civil.  Circulam no campo das tecnologias sociais conceitos diferentes e idéias divergentes, porém não antagônicas, visto que estão sustentadas pelo pressuposto teórico da exclusão social e convergem ao atribuir às tecnologias sociais importante papel na inclusão social. O aprofundamento teórico sobre o binômio exclusão-inclusão social tornou-se o ponto nevrálgico desse estudo. Problematizamos o estatuto teórico e o uso do termo exclusão social, questionamos a abordagem dualista implícita no binômio e abordamos os desdobramentos e os sentidos das pseudo-soluções das políticas inclusivas. Aprofundamos a discussão refletindo sobre a centralidade do trabalho e sobre a constituição do exército de reserva na contemporaneidade. Recusamos o uso do termo exclusão social e seu desdobramento implícito de inclusão social e apontamos o conceito de “expropriações secundárias” como instrumento teoricamente apropriado, capaz de contribuir para a compreensão das tecnologias sociais, enquanto processo político direcionado para a inclusão social, sustentado por uma disponibilização cada vez maior da força de trabalho.

Data: 
2013
Autor: 
Zilma Catarina Libania da Fonseca