A greve dos trabalhadores terceirizados da Saúde Pública do município do Rio de Janeiro e sua relação com os ciclos contemporâneos de luta da classe trabalhadora

O presente estudo aborda a greve dos trabalhadores terceirizados da saúde pública do município o Rio de Janeiro, realizada entre 2017 e 2018, em sua relação com as crises e as lutas contemporâneas da classe trabalhadora. Tomando como método o materialismo histórico dialético, explicitamos as condições materiais e históricas onde este fenômeno social particular se desenvolve. Destacamos as transformações na relação capital-trabalho que caracterizam o período de ascensão e crise do neoliberalismo entre o segundo terço do século XX e o momento presente (2020), e as formas de organização e luta da classe trabalhadora neste processo. Observamos, ainda, como o avanço neoliberal sobre a formulação e execução de políticas públicas incide particularmente sobre o Sistema Único de Saúde, tomando como caso de estudo a expansão da Atenção Primária à Saúde no Rio de Janeiro (2009-2016). A mobilização dos trabalhadores terceirizados é um processo em curso, que se inicia a partir de pautas econômicas de caráter corporativo, em que se faz presente a organização sindical por categoria profissional. O “Nenhum Serviço de Saúde a Menos”, coletivo fundado por estes trabalhadores em 2017, é uma importante estratégia dos grevistas para construção das pautas e lutas das diversas categorias que compõem os serviços de Atenção Primária e Atenção Psicossocial da rede municipal. Destacamos como desafios na realização desta greve a fragmentação dos trabalhadores no setor e a compreensão dos grevistas sobre os instrumentos e estratégias políticas de luta historicamente construídas pela classe trabalhadora.

Data: 
2020
Autor: 
Sábata Rodrigues de Moraes Rego