A formação técnica em enfermagem e o mundo do trabalho: percepções dos técnicos em enfermagem sobre as dimensões de sua formação no mundo do trabalho em diferentes contextos e diante da COVID-19

Foi realizada a investigação das percepções dos técnicos em enfermagem quanto às dimensões de sua formação no mundo do trabalho em diferentes contextos e diante do enfrentamento da Covid-19. Para alcançar o apresentado, inquiriu-se os participantes quanto às suas percepções, quanto à presença de ferramentas, no seu processo de ensino-aprendizagem, que propiciaram a construção crítica do conhecimento e os seus desdobramentos para o mundo do trabalho. Além, de compreender, como a formação técnica em enfermagem se articula com a realidade social vigente, destacando a sua atual dimensão: formação versus trabalho e a pandemia do novo coronavírus. Foram aplicados 32 questionários semiestruturados e realizadas 12 entrevistas, além de analisar 03 (três) currículos de formação, dos técnicos em enfermagem, fase de análise documental. Os participantes foram selecionados pelo critério de amostragem intencional do tipo Bola de Neve (snowball sampling). Foram largamente utilizados durante o estudo, os meios digitais, tendo em vista que viabilizaram a execução da pesquisa de campo e documental, em meio ao estado pandêmico atual. As categorias encontradas no presente estudo: - Condições de trabalho; - A falta de valorização profissional; - A nova rotina de trabalho em meio à linha de frente da Covid-19; - O sentimento de altruísmo e a satisfação em atuar na área de enfermagem; - A biossegurança em meio à linha de frente da Covid-19: acesso aos EPI's, preocupações e dificuldades; - A percepção da necessidade de aperfeiçoamento e atualização dos conteúdos teóricos e práticos; - As lacunas do processo de ensino-aprendizagem descontextualizado das condições de trabalho; - As consequências das deficiências da formação técnica em enfermagem, no campo do trabalho e em meio a pandemia do novo coronavírus; - A importância de uma infraestrutura de qualidade para a formação técnica em enfermagem. Os achados revelaram a necessidade de elaborar coletivamente, uma Matriz Curricular Nacional, para o ensino técnico em enfermagem; é preciso aprimorar os estudos de campo sobre a formação técnica em enfermagem, prezando pelo diálogo com egressos, professores e envolvendo a infraestrutura dos cursos. Seria interessante a criação de um instrumento sistematizado, para direcionar a avaliação e a construção de currículos, na área técnica em saúde, no sentido da politecnia e omnilateralateralidade, incluindo os processos de trabalho, de cada área. A conclusão da pesquisa apontou ainda, que os trabalhadores consideraram a sua formação técnica em enfermagem como insuficiente, quanto à correspondência com a práxis, complexa, desse trabalho em saúde. Outrossim, não compreendeu as particularidades dos processos de trabalho desse campo. É então imperioso o trabalho em prol do aperfeiçoamento e atualização dessa formação, a qual requer o surgimento de novas possibilidades nos processos de ensino-aprendizagem, e que considere a riquíssima e recente experiência do enfrentamento à Covid-19. Ainda, sobre esse contexto pandêmico, deve-se considerar atualizações importantes nas políticas de educação permanente, quanto à biossegurança, oriundas das experiências multifacetadas e complexas reveladas nesse período, além da necessidade de atenção quanto à políticas públicas voltadas aos trabalhadores técnicos em enfermagem, os quais podem ter o prolongamento ou agravamento, de danos à saúde, no pós-pandemia, especialmente, na área de saúde mental.

Data: 
2021
Autor: 
Neidna Raíssa Soeiro de Almeida