Formação pedagógica dos docentes dos cursos de medicina para abordagem dos aspectos étnico-raciais e racismo nos cursos médicos

A formação dos profissionais médicos tem passado por inúmeras transformações, demandando das Instituições de Ensino Superior (IES) à readequação dos currículos. As Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN) para o curso médico, reconhecendo a importância e urgência de reformulação da formação e compreendendo o racismo como condição histórica que determina as desigualdades e iniquidades da população negra quanto ao acesso à saúde, propõe que a educação das relações étnico-raciais esteja presente na formação dos médicos e médicas de todo país. Considerando isso, essa dissertação buscou, como objetivo geral, analisar o processo de formação pedagógica dos docentes dos cursos de medicina para abordagem dos aspectos étnico-raciais e racismo nos cursos médicos. Para alcançar tal objetivo, elegeu como objetivos específicos identificar, na literatura, se ocorre e como ocorre o processo de formação pedagógica dos docentes dos cursos de medicina para abordagem dos aspectos étnico-raciais e racismo nos cursos médicos e analisar os Projetos Políticos Pedagógicos (PPP) e as grades curriculares dos cursos de medicina quanto à presença de disciplinas voltadas para abordagem sobre raça e racismo. Para dar conta deste objetivo, adotou dois percursos metodológicos distintos e complementares a partir de uma pesquisa de abordagem qualitativa e exploratório-descritiva: 1) levantamento bibliográfico através de revisão integrativa da literatura; 2) revisão documental dos PPP e currículos médicos de dez instituições públicas de ensino superior do Estado da Bahia. Os resultados obtidos demonstram que embora a discussão sobre raça e racismo na formação dos profissionais de saúde, inclusive, na área da medicina tenha ganhado a arena do debate nos últimos anos, há uma ausência de estudos que trabalhem, especificamente, sobre os aspectos relacionados a formação pedagógica dos docentes que lecionam nesses cursos para tratar sobre a temática. Evidenciou-se também que a inclusão da discussão sobre raça, racismo e os aspectos étnico-raciais no cuidado em saúde é incipiente e, quase que inexiste nos currículos e PPP dos cursos de medicina das IES públicas do estado da Bahia, elemento que consequentemente pode favorecer a ausência de formação pedagógica dos docentes que lecionam nesses cursos. (AU)