Formação e atuação do profissional de Educação Física nos Núcleos de Apoio de Saúde da Família do município do Rio de Janeiro

A entrada do Profissional de Educação física (PEF) no Sistema Único de Saúde (SUS), mais precisamente com vistas a ampliar e apoiar a Estratégia de Saúde da Família, por meio dos Núcleos de Apoio de Saúde da Família (NASF), é o ponto de partida dessa dissertação. A integração do PEF passa a ser analisada por meio de sua formação e atuação em programas de atividade física e promoção da saúde que aproximam ESF/Nasf aos programas municipais de Saúde, neste caso, o município investigado foi o do Rio de Janeiro, que através do Programa Academia Carioca da Saúde (PACAS) se insere o PEF em uma atuação multiprofissional, conciliando atividades coletivas por meio de atividades físicas e atividades multiprofissionais de apoio à gestão e à atenção do Nasf. O questionamento inicial envolve a formação do PEF que historicamente se caracteriza pelo tradicionalismo higiênico, estabelecido no modelo médico-biológico e as novas exigências de atuação no Nasf, que se orienta pela concepção ampliada de saúde com novos eixos de atuação como promoção da saúde, integralidade e a interdiciplinaridade. Ou seja, pretende-se analisar a aproximação e o distanciamento da atuação do PEF, formado na perspectiva biomédica atualmente em vigor nas grades curriculares, das diretrizes propostas nas políticas públicas envolvendo a Política Nacional de Promoção da Saúde (PNPS) e o Nasf. A formação do PEF foi investigada por meio de análise de grades curriculares dos cursos de bacharelado em Educação Física (EF) do município do Rio de Janeiro. Teve como referência pesquisas anteriores e o curso de Bacharelado em educação física e saúde da Universidade de São Paulo por apresentar em seu site oficial seu Projeto Político Pedagógico (PPP) e contemplar em sua grade discussões que envolvem a saúde coletiva, saúde pública, promoção da saúde, além de organização de estágios em unidades básica de saúde. Os resultados apontam para uma lenta organização curricular nos cursos de bacharelado em EF do município do Rio de Janeiro quando comparado a outras experiências no país como o curso de Bacharelado em Educação Física e Saúde da Universidade de São Paulo (USP). Não se encontrou nos sites oficiais menção a programas de estágios no SUS, o que exige uma investigação futura mais detalhada. A Faculdade São José (FSJ) apresentou a grade curricular mais adequada aos assuntos investigados como Saúde Pública, Promoção de Saúde e Saúde Coletiva. Outro aspecto que chamou atenção foi o fato de que os cursos de Bacharelado em Educação Física e Saúde da Universidade Federal do Amazonas (UFAM), da Universidade Federal do Maranhão (UFMA) e a da Universidade do Ibirapuera (UNIB) se apresentarem no site de buscas do Ministério da Educação (MEC) e-MEC, voltados diretamente para a saúde, sinalizando um avanço embora ainda pouco significativo. A atuação profissional foi investigada por meio de entrevistas com 10 PEF atuantes no PACAS. Os resultados apresentam um profissional fragilizado, desvalorizado quando comparado a outros profissionais atuantes na ESF/Nasf, e que ainda carrega conceitos médicos-centrados em sua formação acadêmica.

Data: 
2016
Autor: 
Fausto David de Carvalho