Estar Bancário: vestir a camisa da empresa e do adoecimento

O mundo do trabalho tem sofrido intensas mudanças; em 1990 inicia-se um período de processo de trabalho ainda mais precário, marcado por novas formas de gestão e organização. Ocorre que essas transformações beneficiam o capital em detrimento da saúde dos trabalhadores, que buscam ao máximo responder as expectativas da empresa. Para preservar seu emprego, o trabalhador acaba aceitando as condições impostas, entretanto, muitos acabam adoecendo. Nesse sentido, a presente pesquisa propôs analisar a prevalência de doenças em bancários vinculados a bancos privados da cidade de Juiz de Fora – Minas Gerais. Para alcançar o objetivo proposto, foram analisadas as variáveis coletadas das Comunicações de Acidente de Trabalho registradas no Instituto Nacional do Seguro Social nos anos de 2015, 2016 e 2017; e realizadas entrevistas estruturadas com 10 bancários, para a análise dessas foi utilizada a técnica do Discurso do Sujeito Coletivo. Foram encontradas 148 Comunicações de Acidente de Trabalho, a prevalência de adoecimento em 2015 foi de 61,54 para mil bancários, em 2016 foi de 95,16 e 2017 foi de 76,56. Os “Transtornos mentais e comportamentais” predominaram durante o período, com 110 registros. Adoecidos, todos os bancários da pesquisa precisaram se afastar do trabalho para se tratar, e ao retornarem ao ambiente de trabalho e serem expostos as mesmas condições, 46 bancários apresentaram piora do seu quadro, sendo necessário um novo afastamento. Os dados encontrados indicam que o processo de trabalho bancário adoece o trabalhador, e que esses postergam ao máximo o afastamento do trabalho, tendo em vista o estigma que isso representa perante a gestão bancária.

Data: 
2019
Autor: 
Luísa Tavares Resende
Orientador: 
Ialê Falleiros Braga