A educação permanente em saúde como estratégia de transformação das práticas em um centro de reabilitação

No mundo do trabalho, o trabalhador ora aparece como recurso humano que necessita ser gerido, ora como um instrumento de gestão com grande capacidade de interferir nas relações de trabalho e na qualidade dos serviços de saúde, como postula a Política Nacional de Educação Permanente em Saúde (PNEPS). O presente estudo tem por objetivo analisar o desenvolvimento das ações da Comissão de Educação Permanente em Saúde (CEPS) do Centro Integral de Reabilitação Dom Aquino Corrêa (Cridac), entendida como ferramenta de transformação do processo de trabalho. Objetiva-se nesta pesquisa descrever e discutir o processo de sua implantação; caracterizar a dinâmica da estrutura e de atuação; e identificar a percepção dos sujeitos diretamente implicados no trabalho da CEPS no que diz respeito às melhorias obtidas na qualidade da atenção e do processo de trabalho. Trata-se de uma pesquisa qualitativa, que adota como método o estudo de caso. As técnicas de investigação são as pesquisas bibliográfica e documental, bem como as entrevistas. Os sujeitos das entrevistas são os trabalhadores diretamente envolvidos com a comissão. Entre os resultados destacam-se: a desmotivação inicial dos trabalhadores, fator que a princípio foi uma grande dificuldade para instituir a comissão, reverteu-se em alavanca para a sua efetivação; a despeito do papel fundamental de uma servidora específica na criação da comissão, viu-se que sua organização e seu funcionamento estão fortemente ligados à mobilização e à participação coletiva dos trabalhadores do Cridac, unido ao apoio da direção da unidade. Estes sujeitos –diante de uma estrutura física que em parte reflete a desvalorização de seus serviços e deles enquanto trabalhadores do SUS – conseguem, em certa medida, identificar possibilidades de uma prática diferente. O estudo nos permite afirmar que mesmo que o trabalhador da saúde seja o ator principal para a sustentação de políticas de saúde, ele não pode ser o único responsabilizado pelo desenvolvimento das ações de um sistema complexo como o SUS, que responde a uma política social inserida em uma estrutura social, política e econômica conflitosa e contraditória.

Data: 
2018
Autor: 
Raquel Arévalo de Camargo