As Diretrizes Curriculares Nacionais e a divisão técnica e social do trabalho em Enfermagem

Este trabalho surgiu diante do escasso debate, em documentos oficiais, sobre a divisão técnica e social do trabalho em enfermagem durante a formação. De certo, sabe-se que os trabalhadores de nível médio, oriundos em sua grande maioria, de classes sociais menos favorecidas, recebem o mínimo necessário para executar tarefas. Constata-se assim uma contradição, pois se prega maior e melhor qualidade na assistência, e quem executa é o menos qualificado. Esta dissertação foi construída a partir de uma revisão de literatura que versa sobre o trabalho de enfermagem e sua divisão técnica e social; como também a evolução histórica da formação em enfermagem. A partir da discussão teórica, apresenta-se as Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN) - Resolução CNE/CES n° 3, de 7 de novembro de 2001, quando nota-se o ensino destinado aos enfermeiros no Brasil focalizado, discursivamente, na formação de líderes para ocuparem os cargos de chefia existentes nos serviços de saúde, treinamento e supervisão do pessoal auxiliar. Entretanto, a escola tem reproduzido a imagem do enfermeiro como um profissional prestador de cuidados com qualidade, ensinando a valorizar e executar o cuidado individualizado ao paciente, em bases científicas. Contudo, sua função primordial, na prática cotidiana, tem se constituído, basicamente, na gerência dos serviços, no controle de material e de pessoal em atenção às expectativas do empregador. Nota-se que as mudanças curriculares no ensino de enfermagem no Brasil, tiveram a preocupação com a adequação da formação do enfermeiro aos interesses do mercado de trabalho e da formação voltada para a integralidade do cuidado à saúde, obscurecendo a necessária aticulação entre as formações voltadas as diferentes categorias da enfermagem. Observou-se um silenciamento nas DCN sobre a configuração dos profissionais de enfermagem, em pessoal de nível técnico e superior. Não havendo qualquer citação nas DCN que objetivamente enfatizem a importância da configuração da profissão no que tange a divisão técnica e social do trabalho. De certo, é preciso transpor o foco de interesse do mercado de trabalho,  e inserir efetivamente o futuro enfermeiro, enquanto coordenador da maior profissão do sistema de saúde, capaz de administrar não somente o processo de trabalho, mas coordenar ações de enfermagem e para a enfermagem.

Data: 
2013
Autor: 
Carla Franca Salustiano
Orientador: 
Gustavo Corrêa Matta