Desigualdade e o trabalho de partejar no Brasil: questões para a educação profissional na área materno-infantil

O estudo analisa os condicionantes histórico-sociais da prática de parturizar e a formação dual dos trabalhadores que atuam na área materno-infantil no Brasil. Para tanto, a dissertação considera o trabalho na área referida, à luz das especificidades que o orientam. Na introdução, apresenta-se um breve panorama do trabalho de partejar, discutindo a transmissão deste saber nas distintas civilizações humanas, até ser nominado como função especializada, ou seja, como um ramo tecnocientífico unidimensional restrito ao conhecimento médico da área obstétrica. O Capítulo 1 problematiza o paradigma político-econômico que envolve o parto atual enquanto produto constituído no âmbito da sociedade capitalista, abordando dois pontos: a divisão social do trabalho e a realização de distintas tarefas pelos trabalhadores de saúde; e a comparação, a partir do contexto referido, entre assistência hospitalar tecnocrata e o cuidado domiciliar baseado no saber ancestral das parteiras tradicionais. O Capítulo 2 analisa o Programa de Humanização no Pré-Natal e Nascimento do Ministério da Saúde brasileiro – nos aspectos relacionados à garantia de cuidados profissionais para a gestante no momento do parto – e, neste contexto, a proposta do Programa Rede Cegonha direcionada à qualificação do trabalhador da área materno-infantil. A dissertação conclui indicando, a partir da perspectiva de que o parto não constitui um fato natural e sim um ato socialmente produzido, a necessidade de superar a contradição histórica discutida na formação desigual do trabalhador que atua no âmbito da saúde materno-infantil no Sistema Único de Saúde (SUS).

Data: 
2013
Autor: 
Lausanne Souza Borges