ASSISTENTE SOCIAL NA ESTRATÉGIA SAÚDE DA FAMÍLIA: matriciador ou apagador de incêndios?

A pesquisa da dissertação foi impulsionada pela vivência da trajetória profissional de assistente social na Atenção Primária em Saúde, e por isso, o cotidiano de trabalho provocou incômodos sobre o papel da/o assistente social enquanto matriciador da equipe de apoio NASF-AB, diante dos percalços do sucateamento do sistema único de saúde que refletem na prática, bem como, das imediaticidades das demandas e atribuições postas ao profissional dentro da estratégia saúde da família. Diante disso, o estudo buscou pesquisar quais os parâmetros e desafios da atuação da/do assistente social na Atenção Primária em Saúde, questionando se o apoio matricial tem se tornado um trabalho imediatista, correlacionando com a concepção e imagem que se atribui ao assistente social nesse espaço de atuação. Assim, o objetivo geral deste estudo foi identificar elementos do processo de trabalho da/o assistente social na equipe NASF-AB, a partir da configuração de sua prática profissional, no que se refere ao matriciamento na ESF. Sendo os objetivos específicos: discutir o histórico da Atenção Primária em Saúde no Brasil, tendo como foco a Política Nacional de Atenção Básica em Saúde e atuação NASF; compreender o processo de trabalho do Serviço Social na Estratégia Saúde da Família, identificando os avanços e retrocessos; e por fim, subsidiar lacunas do conhecimento na prática da/o assistente social enquanto profissional matriciador em saúde ao que concerne as reais condições de execução dos processos de trabalho na realidade cotidiana. O método utilizado foi de aproximação a esta realidade, sob o materialismo histórico-dialético, com a finalidade discutir histórica e criticamente, por meio da revisão da literatura para construir as categorias teóricas. E como estratégia metodológica para as categorias empíricas que emergem os resultados da pesquisa, foi utilizado a abordagem qualitativa. Desta metodologia de pesquisa, emergiram cinco eixos/categorias empíricas de análise, quais sejam: processo de trabalho; processo de trabalho em interface com a residência saúde da família; processo de trabalho na particularidade do contexto da pandemia; o trabalho da/o assistente social na APS; e o impacto da contrarreforma e saúde mental: matriciamento na APS. Os resultados obtidos apontaram para a ausência da discussão da interdisciplinaridade nas formações dos profissionais, o que atribui a dificuldade da sua execução, sendo a interdisciplinaridade viés para o apoio matricial; como também a escassez da educação permanente e continuada, dos instrumentos da ESF, e dos fluxos de trabalho, que revelaram ser indicadores da dificuldade da efetividade do apoio matricial. A imediaticidade do trabalho da/do assistente social, foi majoritariamente vista nas produções analisadas e ficou indicado que a ideia da/do profissional ser porta aberta, contribui para tal, assim como, os rebatimentos das últimas contrarreformas da política de Atenção Básica em Saúde do país, afetam a viabilização do matriciamento. Portanto, a dissertação almeja contribuir com debates e reflexões que subsidiem a prática profissional.

Data: 
2024
Autor: 
Natasha Laureano da Fonseca