Apoio matricial no município do Rio de Janeiro: Estudo de caso sobre as possibilidades da prática pedagógica na gestão do cuidado

O Apoio Matricial surge como uma ferramenta de gestão e compartilhamento de saberes na prática do cuidado em saúde. Atualmente apresenta-se como principal vertente do trabalho das equipes do Núcleo de Apoio à Saúde da Família (EqNASF) atuantes na Atenção Básica. O NASF por sua vez, se insere por meio deste apoio na dinâmica de trabalho das unidades básicas de saúde, junto às demandas apresentadas pelas Equipes de Saúde da Família (EqSF), atuando tanto nas ações clínico-assistenciais (ação direta com o usuário), como no suporte técnico-pedagógico (apoio nas atividades de ensino). Esta pesquisa por sua vez configura-se como um estudo de caso sobre as possibilidades das práticas pedagógicas desenvolvidas pelas equipes NASF no município do Rio de Janeiro, especificamente a área programática 3.3 (A.P. 3.3). Configura-se metodologicamente como estudo qualitativo tendo como referência para análise dos dados a Hermenêutica Dialética ao considerar os sentidos da fala e todo contexto nela inserido. Foram realizadas 18 entrevistas individuais com os profissionais que compõe as equipes do NASF e da Saúde da Família (três de cada equipe) do Centro Municipal de Saúde Enfermeira Edma Valadão e a Clínica da Família Souza Marques (ambas unidades da A.P. 3.3). Elencamos com as equipes de saúde da família entrevistar um profissional de nível superior e dois de nível médio. Além disso acompanhamos por meio de observação participante: a) a rotina de apoio matricial da EqNASF nas consultas conjuntas com os profissionais das EqSF; b) a rotina de reuniões de EqSF, que acontecem semanalmente para discussão dos casos; c) e os espaços formais e informais de desenvolvimento de atividades de ensino-aprendizagem apoiados pelo NASF junto à EqSF. Das diversas contribuições que o Ministério da Saúde apresenta por meio do trabalho na lógica matricial, questiono-me então se o NASF tem sido ferramenta de ensino-aprendizagem ou tem sido atropelado pelas necessidades clínicas das EqSF, considerando a dinâmica de trabalho das equipes onde metas e indicadores sinalizam a todo tempo uma saúde em torno da produtividade, num território vulnerável.

Data: 
2016
Autor: 
Giselle Ribeiro Mendes
Coorientador: 
Francisco José da Silveira Lobo Neto