A “anatomia social” do Aedes Aegypti: os panfletos educativos de prevenção e combate à dengue como discurso
O presente trabalho objetiva contribuir para analisar as contradições existentes nas políticas de saúde pública, focando, para tanto, nas mensagens educativas utilizadas no trabalho de controle do mosquito Aedes Aegypti. Na literatura da área, ainda não é consolidada a importância dos folders educativos, utilizados como uma das estratégias do Estado para orientação e informação da população. A dissertação se organiza em três capítulos. O primeiro traça um panorama da urbanização da cidade do Rio de Janeiro, localizando, neste contexto, o papel desempenhado pelas políticas de saúde, determinadas pelo conflito de classe. O segundo destaca os conceitos voltados para a comunicação e educação em saúde, identificando, nestes dois campos, as formas e os elementos dos conflitos de classe mencionados. O terceiro capítulo, a partir da abordagem de Maingueneau (2001), analisa um total de dezenove folders e cartazes, concluindo que a utilização das mensagens educativas tem como efeito o apagamento das responsabilidades do Estado e do caráter coletivo da prevenção e do controle do mosquito aedes aegypti. Assim, além da culpabilização da população pela proliferação do mosquito, a relação entre poder público e população impede uma comunicação efetivamente democrática, que possibilitaria a melhoria da qualidade de vida dos munícipes e um efetivo aproveitamento dos recursos públicos.