O uso de materiais jornalísticos como recurso pedagógico na formação em saúde: concepções e práticas docentes
O presente estudo discute a apropriação de materiais jornalísticos como recurso pedagógico na formação profissional em saúde. Buscou-se conhecer o que influencia docentes na incorporação de materiais desse tipo; as formas de uso; atributos dos materiais que potencializam seu uso em sala de aula e os benefícios desse uso na construção de um processo que favoreça a autonomia de pensamento do estudante e propicie uma perspectiva emancipatória sobre a realidade. Por meio da metodologia qualitativa, foram adotadas técnicas de pesquisa e perspectiva analítica que permitissem compreender significados e intencionalidades de docentes na relação com o material jornalístico, entendido como mediador do processo de ensino-aprendizagem. A técnica de produção de dados foi entrevista semiestruturada, e os sujeitos foram 12 docentes de cursos técnicos em saúde de duas instituições públicas de ensino, uma federal e outra estadual. Os resultados revelam que esse uso se fortalece tanto por meio de atributos intrínsecos aos materiais quanto pelas dinâmicas de uso. Em relação aos atributos, valorizam-se conteúdos que contemplem uma dimensão concreta das experiências, o que potencializa o diálogo; o estímulo à autonomia discente, ao senso crítico e à leitura; bem como capacidade de gerar aproximação da ciência. As dinâmicas de uso favorecem a promoção de debates e atividades coletivas, resultando em maior troca de ideias e possibilitando diversidade de estratégias didáticas. A confiabilidade das informações sobressai como critério fundamental para a incorporação dos materiais, pois contribui diretamente para confrontar a difusão da desinformação. Finalizamos o estudo produzindo um guia para apoiar docentes no uso de material jornalístico em sala de aula. Concluímos afirmando que a apropriação de materiais jornalísticos, associada ao trabalho crítico de docentes, incentiva a renovação das práticas pedagógicas no sentido de estimular interações mais horizontais entre docentes e estudantes e tem potencial de promover processos de ensino-aprendizagem emancipatórios.