Síndrome de Burnout como expressão subjetiva de sofrimento em relação ao trabalho: uma análise a partir da revisão integrativa de literatura

Essa dissertação aborda as questões do sofrimento psíquico dentro da sociedade neoliberal através da teoria da Psicodinâmica do Trabalho (PDT). O trabalho corresponde ao produto entre o sujeito e a organização do trabalho e é de fundamental importância na construção do sujeito, visto que se constitui o principal elo entre o indivíduo e o campo social. O presente estudo possui justificativa social e científica, firmadas, respectivamente, pela não neutralidade do labor relativo à saúde mental do trabalhador e pela escassez de pesquisas qualitativas acerca do Burnout, principalmente relacionando- o com a PDT. Tem como objetivo geral analisar a Síndrome de Burnout como expressão subjetiva da relação entre trabalho e sofrimento, enquanto os objetivos específicos são (i) descrever a Síndrome de Burnout, desde sua concepção até o momento atual, suas características, fases e critérios diagnósticos; (ii) apresentar a teoria da PDT, seus conceitos, origens e correlações do sofrimento proveniente do contexto laboral; (iii) compreender a como a literatura aborda a relação entre subjetividade e trabalho; (iv) identificar os impactos da organização de trabalho contemporâneas na relação entre trabalho e sofrimento. Através da revisão integrativa de literatura foi possível observar que o sofrimento no labor encontra-se relacionado a: (i) condições físico-ambientais do trabalho precárias, (ii) organizações do trabalho rígidas e arbitrárias que impõem sobrecarga física e psicológica, (iii) conteúdo da tarefa/atividade que podem provocar a sensação de monotonia, (iv) relacionamentos interpessoais no trabalho derrocados pelo individualismo e sensação de solidão, (v) ausência de espaços coletivos de expressão do trabalhador e (vi) falta de reconhecimento. Frente ao cenário perturbador à saúde do aparelho psíquico, a revisão também constatou a presença de estratégias defensivas como uma tentativa, individual (no caso das estratégias de defesa) ou coletivas (estratégias de mobilização coletiva), de tornar o ambiente laboral menos ameaçador à integridade psíquica dos trabalhadores. É evidente que a Síndrome de Burnout se relaciona ao resultado da revisão integrativa, com destaque à organização do trabalho e às relações interpessoais. Ao passo que a organização do trabalho toma para si o corpo físico do trabalhador, através das pressões produtivas e ao discurso de polivalência, atacam sua subjetividade para domesticá-lo e torná-lo alienado; as relações interpessoais características do modelo de acumulação flexível, individualistas e competitivas, tornam os trabalhadores solitários e desarticulam qualquer tipo de solidariedade, colaboração ou estratégia de mobilização coletiva que possibilitariam algum tipo de mudança no contexto produtivo.

Data: 
2024
Autor: 
Tamires Rezende Veiga
Orientador: